Praia, 13 mai 2020 (Lusa) – O ministro da Saúde de Cabo Verde, Arlindo do Rosário, afirmou hoje no parlamento que foram contratados, desde março, cerca de 400 profissionais para o Serviço Nacional de Saúde para reforçar o combate à covid-19.
“Neste espaço de três meses, recrutámos cerca de 400 profissionais de saúde, de diversas áreas, investimos cerca de 600 mil contos [5,4 milhões de euros] em equipamento, melhorámos a capacidade de realização de testes, quer moleculares quer rápidos”, afirmou Arlindo do Rosário, na sessão plenária ordinária que arrancou hoje na Assembleia Nacional, na Praia.
Entre as contratações de profissionais de saúde, pelo menos 179, segundo dados anteriores do Governo, correspondem a enfermeiros.
O governante acrescentou que o Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Saúde Pública “já realizou mais de 2.000 testes moleculares”, tendo confirmado até ao momento 270 casos acumulados de infeção pelo novo coronavírus em três ilhas.
Segundo Arlindo do Rosário, também está a ser “massificado” o uso de testes rápidos “nos bairros e nos grupos de maior risco”, os quais permitem comprovar se a população já teve contacto com o novo coronavírus e se desenvolveu anticorpos para a covid-19.
Anunciou ainda que estão a ser investidos 22 milhões de escudos (200 mil euros) no Laboratório de Virologia, que funciona na Praia, bem como num segundo laboratório, na ilha de São Vicente, no norte do arquipélago.
Na sua intervenção perante os deputados, o ministro divulgou ainda que dos casos da doença no país — dos 270 há 205 ainda ativos, apenas nas ilhas de Santiago e da Boa Vista -, 25% são de pessoas que não apresentam sintomas e que só foram testados por serem contactos de outros positivos.
Além disso, 4,8% dos casos ativos — duas pessoas acabaram por morrer e 61 foram considerados recuperados — apresentam “um quadro clínico que inspira cuidados”, sendo atualmente o ritmo de transmissão da doença no arquipélago de 1,15, mas com “baixa letalidade”.
Apesar da preocupação com a cidade da Praia, que concentra 76% dos casos do país, Arlindo do Rosário destacou a importância das medidas que desde o início de março começaram a ser adotadas pelo país: “É preciso também ter em conta que se nada tivesse sido feito, segundo as projeções nacionais e também da OMS, neste momento estaríamos com 4.000 casos e cerca de 40 mortos”.
“Podemos até afirmar que as medidas que desde cedo tomámos na prevenção, na contenção e na mitigação da epidemia, e que foram reforçadas no estado de emergência, com o confinamento domiciliar, distanciamento social, quarentena obrigatória, restrição da circulação, suspensão de atividades nos diversos setores, surtiram os efeitos desejados até este momento, com o aplanamento da curva da epidemia e sobretudo evitando a pressão sobre as estruturas de saúde”, enfatizou.
Cabo Verde cumpre até às 24:00 de 14 de maio o terceiro período de estado de emergência, apenas em vigor nas ilhas de Santiago e da Boa Vista, devendo ainda hoje o Presidente da República anunciar se será ou não prorrogado.
“O estado de emergência, e os seus impactos sobre a epidemia, permitiu também ao Serviço Nacional de Saúde ganhar competências e capacidades. Melhoramos a capacidade de resposta em termos de recursos humanos, de equipamentos médicos e hospitalares, de proteção individual, laboratorial e de comunicação de risco”, reconheceu Arlindo do Rosário.
A Praia (ilha de Santiago), com casos diários da doença, que totalizam já 207 diagnosticados em pelo menos 25 bairros da cidade, é o principal foco de preocupação das autoridades, por estar em situação de transmissão comunitária da covid-19.
“Os nossos esforços para a contenção da pandemia estão neste momento sobretudo voltados para ilha de Santiago, e particularmente para a cidade da Praia, onde se vem registando, nas últimas três semanas, um aumento dos casos”, disse ainda Arlindo do Rosário.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 292 mil mortos e infetou mais de 4,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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