O romance do escritor britânico Joseph Conrad, com o titulo “Vitória”, escrito há cem anos e inédito em língua portuguesa, é publicado em Portugal esta semana pela Babel.
O livro conta a história da traição e do isolamento de Conrad, tendo no seu centro uma celebração da lealdade e do poder sublime da arte, com as ilhas exóticas do arquipélago malaio como cenário, assim é descrito pela editora portuguesa.
A história desenrola-se quando Axel Heyst foge com uma jovem, Lena, que mal conhece e incita as suspeitas da comunidade local, sendo que o estalajadeiro Schomberg mostra-se decidido a impedir que os dois vivam juntos e manda Mr. Jones e dois seus homens de confiança, para a ilha de Samburan, onde se encontra o casal.
Neste romance, o autor recupera o alemão Schomberg, personagem que surgira anteriormente em “Lord Jim”, e num outro conto publicado em 1902.
A edição portuguesa inclui também uma nota de Joseph Conrad,V a uma edição de 1920 do mesmo romance, na qual explica algumas das pistas de como construiu as diferentes personagens de “Vitória”.
O romance foi concluído em maio de 1914, dois meses antes do início do primeiro grande conflito mundial, o que levou o autor a escrever, na apresentação da obra: “Vitória foi última palavra que escrevi em tempo de paz”.
Joseph Conrad nasceu em 1857, em Berdyczew, no norte da atual Ucrânia, no seio de uma família aristocrata polaca, quando a Polónia estava sob o domínio dos czares de Moscovo, sendo o seu nome de registo, Józef Teodor Nalecz Korzeniowsk.
Aos 17 anos, em Marselha, no sudeste de França, iniciou carreira como marinheiro, vindo a obter, mais tarde, a carta de capitão de mar e em 1884 obteve a nacionalidade inglesa.
Conrad estreou-se literariamente em 1895 com “Almayer’s Folly” e toda a sua obra – cerca de 30 títulos, um deles, incompleto – foi escrita em língua inglesa. Toda a sua correspondência, num total de cinco volumes, foi publicada entre 1983 e 1996. Entre os seus admiradores consta o filósofo Bertrand Russel.
Em Portugal, entre outros títulos, estão publicados, em diferentes editoras, “Nostromo — Uma história da beira-mar”, “O agente secreto”, “Linha de sombra”, a coletânea “Histórias inquietas” e “O coração das trevas”, romance sobre o colonialismo, no final do século XIX, e no reino privado de Leopoldo II, em particular, que inspirou filmes de Francis Ford Coppola (“Appocalypse now”) e Nicolas Roeg (“Caminho das Trevas”/”The heart of darkness”).