Estoril, Lisboa, 26 fev (Lusa) — A cantora e compositora Teresa Salgueiro, que atua a 17 de maio no Casino Estoril, defendeu a música como “um estandarte da liberdade criativa”.
Teresa Salgueiro, com 30 anos de carreira, encerra no dia 17 de maio a digressão “Horizonte e a Memória”, na qual interpreta temas do seu álbum “Horizonte” (2016) e canções de Amália Rodrigues, Carlos Paredes, Madredeus e José Afonso, entre outros, como Violeta Parra, Fernando Lopes-Graça e Fausto.
Com Teresa Salgueiro, além de alguns convidados especiais que quis manter como surpresa, sobem ao palco do Estoril os músicos Rui Lobato (bateria, percussão e guitarra), Óscar Torres (contrabaixo), e Fábio Palma (acordeão).
“Será a primeira vez que irei convidar alguns parceiros, não sei ainda quem, nunca o fiz, normalmente convidam-me a mim”, disse Teresa Salgueiro, que já cantou com José Carreras, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Núnez, Angelo Branduardi ou Zbigniew Preisner, entre outros.
Com Angelo Branduardi, participou num álbum sobre S. Francisco de Assis e, em declarações à agência Lusa, reconheceu que sua voz se liga “a uma certa espiritualidade”, mesmo quando foi a “voz dos Madredeus”, um projeto musical liderado pelo músico e compositor Pedro Ayres Magalhães, onde se estreou como cantora.
“Mesmo a música dos Madredeus tinha uma forte componente espiritual, no sentido em que era uma música dedicada a cantar certas ideias expressas em português, de uma certa forma de estar, de sentimentos… uma forma que nos é comum, sentimentos que podem ser ditos na nossa língua”, disse.
Sobre si, afirmou: “Eu sou uma pessoa muito espiritual, no sentido em que o tangível é a expressão de muitos mistérios, tanto o mundo em que nascemos é a expressão de um extraordinário mistério que nos traz esta criação de uma dimensão absoluta e infinita e de uma beleza que é todos os dias confirmada”.
Teresa Salgueiro apresentou-se como autora e compositora no álbum “Mistério” (2012) e à Lusa afirmou que a sua “linguagem musical é uma personalidade” que vai “construindo, com constantes buscas, em parceria com os músicos”.
“A música em si é um estandarte da liberdade criativa, nós podemos, com a música, expressar-nos de todas as formas possíveis, desde que isso nos faça sentido, e isso é uma grande riqueza e é ao mesmo tempo o grande desafio da música, essa total ausência de fronteiras, se assim o quisermos”, afirmou.
Para a intérprete de “A Cidade”, um dos temas do álbum “Horizonte”, “a música é um compromisso” desde sempre na sua vida.
“A música é um compromisso que tenho desde sempre na minha vida. O meu compromisso de vida e profissional, que é o meu ganha-pão, tem sido desde os meus 18 anos tem sido a música”, rematou.
Fazendo parte dos Madredeus, Teresa Salgueiro gravou nove álbuns de música original, tendo entre 1987 e 2007, vendido mais de cinco milhões de exemplares em todo o mundo e atuados nos mais distintos palcos internacionais.
Teresa Salgueiro gravou ainda dois álbuns com o Lusitânia Ensemble, um outro de repertório exclusivamente brasileiro “Você e Eu”, e um em que reuniu várias colaborações musicais, “Obrigado” (2005).
Entre “Mistério” e “Horizonte”, disco com o qual atuou no México, Brasil, Taiwan, Tailândia e Espanha, entre outros países, Teresa Salgueiro gravou “La Golondrina y el Horizonte”, um álbum exclusivamente de repertório sul-americano, nomeadamente do México, país com o qual se sente particularmente ligada.
O espetáculo no Estoril “corresponde ao fechar de um ciclo”.
No palco do Casino Estoril, entre temas de “Horizonte”, como “Êxodo”, “Maresia”, “A Luz” ou “Liberdade”, Teresa Salgueiro vai cantar temas que já interpretava ao vivo, nomeadamente, “Verdes Anos”, de Carlos Paredes, “Barco Negro”, de Amália Rodrigues, “Canção de Embalar”, de José Afonso, ou dos Madredeus, “A Guitarra” e “O Pastor”.
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