Genebra, 22 fev (Lusa) – Cerca de 3,4 milhões de pessoas já deixaram a Venezuela desde o início da atual crise política e económica no país e, só em 2018, 5.000 venezuelanos saíram por dia, anunciaram hoje as Nações Unidas.
Numa declaração conjunta, o Escritório do Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) revelaram que cerca de 2,7 milhões de venezuelanos procuraram refúgio em países vizinhos, incluindo Colômbia, Peru e Brasil, e o resto partiu para fora da América Latina.
Em média, em 2018, cerca de 5.000 pessoas deixaram a Venezuela todos os dias.
Com base nestes dados, em dezembro a ONU declarou calcular que o número de saídas chegue a 5,3 milhões até ao final deste ano.
A Colômbia abriga 1,1 milhão de refugiados e migrantes venezuelanos, seguida pelo Peru com 506 mil pessoas, 288 mil no Chile, 221 mil no Equador, 130 mil na Argentina e 96 mil no Brasil.
“Os países da região demonstraram uma solidariedade extraordinária com os refugiados e migrantes da Venezuela (…). Entretanto, estes números sublinham as limitações das comunidades de acolhimento e a necessidade permanente de apoio da comunidade internacional”, disse Eduardo Stein, representante especial do ACNUR e da OIM para os refugiados e migrantes da Venezuela.
Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes.
O êxodo de venezuelanos, que fogem desta situação económica desastrosa, é considerado pela ONU como o maior deslocamento de pessoas na história recente da América Latina.
A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo mas é sufocada por uma profunda crise económica e está sob sanção económica dos Estados Unidos.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013 denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela vivem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.
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