Luanda, 20 dez (Lusa) – O Presidente angolano, João Lourenço, criou hoje, por despacho, um comité executivo responsável pela definição e implementação de medidas de proteção à palanca negra gigante, espécie nacionais que se encontra em vias de extinção.
A informação consta de uma nota da Casa Civil da Presidência da República enviada hoje à Lusa, informando a criação desta nova entidade, que será coordenada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Frederico Manuel Cardoso.
O designado Comité Executivo para Acompanhamento e Reforço da Implementação das Medidas de Proteção e Conservação da Palanca Negra Gigante integra ainda os ministros da Defesa Nacional, do Interior, do Ambiente e da Hotelaria e Turismo, além do secretário do Presidente da República para os Assuntos Locais e Regionais.
“O Comité Executivo ora criado pelo chefe de Estado funcionará pelo período de três anos, devendo as suas atividades ser financiadas pelo Fundo do Ambiente e por outras fontes, internas ou externas, que vierem a ser identificadas ou convencionadas, nos termos da Lei”, esclarece a mesma informação da Casa Civil.
É ainda determinado que este comité será apoiado por uma Unidade Técnica coordenada por Vladimir Russo, em representação da Fundação Kissama, integrando, entre outros membros, um representante do governo provincial de Malanje e do Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação.
A Lusa noticiou o início, em julho de 2016, de um levantamento do número de palancas negras gigantes em Angola, num cenário tido como negativo, com menos de uma centena de exemplares, sendo o único país onde é possível encontrar este antílope alvo de caçadores furtivos.
“O último levantamento exaustivo foi feito em 2013 e apontava entre 90 a 100 exemplares, exclusivamente no sul da província de Malanje, mas só metade acompanhados. Acho que há todas as razões para estamos muito preocupados, a situação não é nada boa”, reconheceu anteriormente à Lusa Pedro Vaz Pinto, coordenador do projeto nacional de preservação da palanca negra gigante e que integra este Comité Executivo, hoje criado.
Originária de Malanje e da vizinha província do Bié, a caça furtiva, que continua a fazer-se sentir, colocou esta subespécie da Palanca Negra na lista dos animais mais raros do mundo, em que por exemplo uma epidemia pode simplesmente acabar com a sua presença.
“Uma população que está reduzida a números tão pequenos pode desaparecer de um momento para o outro, mesmo que estejamos atentos e com capacidade para reagir”, admitiu luso-angolano Pedro Vaz Pinto, da fundação Kissama, que lidera este projeto de conservação.
A palanca negra gigante integra a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como estando em perigo crítico de extinção. Durante o período da guerra civil em Angola, entre 1975 e 2002, por falta de informação, chegou a pensar-se que a espécie estava extinta.
A palanca negra gigante, considerado um dos mais icónicos, maiores e mais belos antílopes do mundo, é assim “um dos animais mais ameaçados de extinção no mundo”, recorda o coordenador do programa de preservação.
Dos menos de 100 que se estima ainda viverem em Angola, apenas cerca de 40 exemplares, distribuídos por duas manadas, são controlados pelas autoridades angolanas, no Parque Nacional de Cangandala, criado em 1970, e com uma área de 630 quilómetros quadrados.
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