A vila de Vinhais, no distrito de Bragança, prometeu e cumpriu, fez o maior desfile de diabos do mundo, numa tradição local que encerra as festas de inverno no Nordeste Transmontano associadas aos mascarados.
O cortejo ao cair da noite e os diabos, empunhando tochas, tinham por missão, capturar e enjaular, num carro de bois, as raparigas mais atrevidas que a partir de varandas e janelas os forem desafiando defendendo-se com água e cinza.
Este ancestral e genuíno ritual pintou de vermelho as ruas da sede do concelho que é o único no país que abre e encerra as festividades cíclicas de inverno, com início em Cidões, na Festa da Cabra e do Canhoto, a 31 de outubro, culminando na quarta-feira de Cinzas, em Vinhais, com a Morte e os Diabos.
Este ano, a organização decidiu prolongar as festividades para o fim de semana e a tradição foi antecedida por uma missa de Imposição de Cinzas, na igreja do Seminário de Vinhais, seguindo-se depois a procissão com “Mil Diabos!” em que os participantes vestiram os fatos vermelhos cedidos pela organização, acompanhados duma “Morte” de sete metros de altura até à Pedra, local onde as raparigas são purificadas.
Durante o cortejo, os mil diabos tem ordem para fazer travessuras às raparigas e, já na Pedra, no Largo do Arrabalde, enquanto as moças se penitenciam de joelhos, são ouvidas as tradicionais ladainhas semipagãs.
Dá-se então a revolta e, a partir da Torre do Castelo, algumas raparigas ajudam à “Revelação do Rosto da Morte”, num espetáculo de fogo, som, pirotecnia, gaiteiros e uma enorme carga mística, permitindo à assistência ver o que esconde aquele pano negro em volta do rosto da morte gigante”, animação a cargo de gaiteiros, danças e diabruras, asseguradas pelo grupo de teatro do Agrupamento de Escolas de Vinhais e pela Companhia de Teatro Filandorra.
Diz o povo que “quem pró rosto da morte olhar, por mais um ano a irá afastar!”.