A Galeria Artur Bual é um dos locais na Amadora onde estão expostas várias obras de arte (Foto de Pedro Catarino)
Um estudo levado a cabo por uma funcionária da Câmara Municipal da Amadora, em novembro de 2011, concluiu que a autarquia teria 1306 obras de arte e que não se sabia a localização de cerca de 530 itens. Segundo o mesmo documento, que foi enviado para o gabinete do presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, em julho de 2012, a funcionária que fez o levantamento concluía que “não havia um sistema coerente de controlo do valioso património artístico da autarquia, não se sabia quantas obras de arte efetivamente existiam e onde muitas delas se encontravam”. Além disso, o relatório referia que à data não existia qualquer inventário fiável das obras de arte do município e sugeria que fosse feita uma localização física de cada item.
Para conseguir realizar o estudo, a funcionária analisou três bases de dados, onde encontrou registos de obras cujo inventário surgia repetido numa ou nas três bases. Outras não tinham referência ao autor e a maioria não tinha a localização atualizada, tendo concluído que a maioria dos itens foi mudada de sítio ou estava dispersa pelos vários edifícios e serviços da câmara.
Sabe o CM que neste relatório enviado a Joaquim Raposo a funcionária queixou-se de ter sofrido represálias por parte das chefias na sequência de ter apresentado estas conclusões, e que foi por isso que acabou por lhe enviar o estudo para o gabinete. A funcionária foi transferida de serviço e acabou por se reformar. O CM tentou falar com a mesma, que não quis fazer qualquer comentário. Contactado pelo Correio da Manhã, o gabinete de comunicação da autarquia referiu que “o acervo de arte municipal é constituído por 776 obras de arte inventariadas” e que “nunca houve 500 obras de que se desconheça a sua localização”. Acrescenta a mesma fonte que “não seria de todo razoável que mais de metade do acervo não fosse localizável”.