Quase dois anos depois de o julgamento ter começado, o caso ‘Face Oculta’ entra na reta final. Ontem, foram ouvidas as últimas testemunhas do processo, que teve a primeira sessão a 8 de novembro de 2011, seguindo-se agora a audição dos peritos e depois dos arguidos que já manifestaram a intenção de falar.
Armando Vara, ex-ministro socialista, será uma das exceções. O antigo administrador do BCP não irá assim explicar as escutas registadas pela PJ entre si e Cardoso Reis, presidente da CP. Os telefonemas deixavam transparecer que Vara pediu a intervenção de Sócrates, à data primeiro-ministro, para travar a demissão de Cardoso dos Reis, a 18 de junho de 2009. Acabou por o conseguir. O antigo administrador do BCP disse, aliás, ao presidente da CP, durante um telefonema, que Sócrates deu ordem a Mário Lino, então Ministro das Obras Públicas, para parar o processo de demissão. A existência desta escuta – que consta da extensão procedimental do processo, onde se investigava o atentado contra o Estado de Direito – foi um dos trunfos da acusação do Ministério Público. A escuta não estava transcrita para o papel e tal só foi pedido por Marques Vidal já no julgamento.
Armando Vara deverá então apresentar a sua defesa e tentar explicar as cunhas a José Sócrates apenas nas alegações finais, e só através do seu advogado.