Os especialistas em alterações climáticas estão surpreendidos e sem explicações para a estagnação do aquecimento global no planeta Terra. O fenómeno chama-se ‘pausa no aquecimento’ e verifica-se já desde 2002. Hoje, em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) apresenta um novo relatório, no qual vai reforçar o aumento de 0,8 graus celsius desde o início do século XX. Os cientistas céticos em relação ao fenómeno das alterações climáticas estão a aproveitar esta ‘pausa’ no aquecimento para contestar as projeções feitas e, acima de tudo, o contributo do homem para o aumento da temperatura.
“As alterações climáticas e o aquecimento global são um jogo que envolve milhões e milhões de dólares. Conforme as conclusões apresentadas, aposta-se mais ou menos nos combustíveis fósseis, como o petróleo ou o gás natural”, explica ao CM Filipe Duarte Santos, especialista em climatologia, um dos revisores da segunda parte do relatório do IPCC, acrescentando: “A indústria do petróleo é muito poderosa. Qualquer desculpa é boa para fazer abrandar a aplicação de medidas para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa”.
A ajudar à teoria dos céticos estão as recentes imagens de gelo no Ártico, captadas pela agência espacial NASA, que mostram um aumento da superfície coberta na ordem dos 60 por cento em relação ao verificado no ano passado.
O relatório, revela Filipe Duarte Santos, vai dar conta de três aspetos essenciais e que demonstram a tendência de aquecimento. “O aumento da temperatura média do ar estagnou. É ligeiramente inferior ao previsto. A temperatura dos oceanos, porém, tem aumentado de uma forma constante. Já o nível médio do mar está no limite superior das projeções feitas pelos cientistas”, afirma Filipe Duarte Santos