O advogado Paulo Penedos foi anteontem alvo de buscas à sua casa e ao escritório, em Coimbra. As diligências foram presididas pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, e em causa está uma certidão extraída do processo ‘Face Oculta’ por suspeitas de tráfico de influências e corrupção. Da casa de Paulo Penedos foram levados os discos rígidos de dois computadores, que tinham sido já analisados pelas autoridades no processo principal. Já do escritório nada foi levado.
A certidão foi extraída logo em 2009 pelo procurador do Ministério Público Carlos Filipe e resultou da análise da perícia financeira às contas bancárias de Paulo Penedos. O magistrado quer assim perceber todos os pagamentos que o advogado recebeu e saber se as empresas do ramo da energia o contrataram porque confiavam nos seus serviços ou apenas porque era filho de José Penedos, na altura dos factos presidente da REN.
O Ministério Público suspeita assim de que Paulo Penedos tenha sido contratado por tais empresas com a premissa de que no futuro este usasse da sua influência junto do pai para conseguir favorecimentos do Estado.
Paulo Penedos prestava apoio jurídico à EIP pelo menos desde 2003 e recebia por ano cerca de 20 mil euros. O filho do ex presidente da REN fez também trabalho de assessoria jurídica para a Tecneira, de 2003 a 2007, recebendo valores semelhantes. Paulo Penedos voltou a trabalhar para esta empresa entre 2009 e 2010. A Tecneira fez então na altura várias transferências, num valor total de 60 mil euros.
A investigação, que está a cargo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, assenta também em escutas telefónicas. As conversas são essencialmente entre Paulo Penedos, o pai e os donos das empresas do ramo da energia.