A França quer fazer um ultimato à Síria e propôs ontem uma resolução a apresentar na ONU que exige a entrega das armas químicas de Bashar al-Assad nos próximos 15 dias. O texto que Paris quer levar ao Conselho de Segurança prevê ainda “medidas adicionais para punir o eventual incumprimento”, sendo uma delas o uso da força.
O texto proposto pela França invoca o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, que concede ao Conselho de Segurança o poder de decidir uma intervenção militar. Esta alínea levou a Rússia a rejeitar de imediato a proposta de resolução.
Contudo, há outros aspetos que desagradam ao principal aliado da Síria, nomeadamente a alínea que prevê a acusação de Assad por crimes de guerra e contra a humanidade e o seu julgamento no Tribunal Penal Internacional, em Haia.
Recorde-se que foi a Rússia a propor a entrega das armas químicas para evitar uma intervenção militar dos EUA. Assad aceitou a proposta, que foi igualmente saudada por Barack Obama. Mas, num discurso proferido na noite de terça-feira (madrugada de dia 11 em Lisboa), o presidente dos EUA manifestou ceticismo quanto às intenções russas. “É cedo para saber se esta proposta terá sucesso, mas qualquer acordo tem de permitir verificar se o regime de Assad cumpre os seus compromissos”, afirmou Obama.
Uma vez que isso não é garantido, Obama defendeu uma vez mais o uso da força: “Se não agirmos, Assad não terá razões para não recorrer de novo a armas químicas”.
Os EUA estão a colaborar com a Rússia numa resolução que satisfaça ambas as partes.
Moscovo entregou ontem o seu plano para colocar o arsenal químico sob controlo internacional e hoje o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro russo dos negócios estrangeiros, Sergei Lavrov, vão encontrar-se em Genebra para debater o projeto.