Os portugueses estão a beber cada vez mais água de poços devido ao aumento das tarifas, contudo, uma parte importante das águas subterrâneas apresenta riscos para a saúde pública. Há “aquíferos poluídos, contendo água imprópria para consumo humano”, avisa o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, no estudo a ‘Avaliação da Qualidade de Águas Subterrâneas’.
Uma em cada cinco amostras de água provenientes de poços e furos de particulares, nascentes e minas, apresenta resultados negativos nso parâmetros que definem a qualidade da água, revela o trabalho. Assim, “21,1% das amostras analisadas apresentaram pelo menos um resultado acima do valor paramétrico”, indicador que define a água com boa qualidade para consumo.
Em 15,6% das amostras há teores de nitrato acima dos valores recomendados. A presença deste composto em elevadas concentrações nas águas representa habitualmente contaminação por fertilizantes minerais ou orgânicos utilizados na agricultura. As suiniculturas também podem ameaçar a qualidade da água.
Os piores resultados sobre os níveis de nitratos foram obtidos nos distritos do Porto, Aveiro, Santarém, Lisboa, Portalegre, Évora e Beja. Destes, os distritos que apresentam os valores mais altos são os do Alentejo.
Outro dado negativo é referente ao ião amónio, indicador da deficiente qualidade higiénica e que traduz inaptidão para o consumo. Em 2,4% das 1518 amostras, este composto apresenta valores altos.
“A falta de infraestruturas sanitárias, aliadas a práticas agrícolas e à alta vulnerabilidade natural de alguns aquíferos, constituem fatores que justificam o comprometimento das águas subterrâneas utilizadas para consumo”, revela o trabalho das investigadoras Catarina Mansilha e Helena Rebelo.