“FOGO NÃO NOS DEIXA FAZER LUTO”

Corpo está desde ontem no quartel, em câmara ardente
Corpo está desde ontem no quartel, em câmara ardente
Corpo está desde ontem no quartel, em câmara ardente
Corpo está desde ontem no quartel, em câmara ardente

“Nem tempo temos para fazer o luto que o Pedro merece, porque o fogo não nos deixa.” As palavras saem com um tom de frustração de um bombeiro que regressa ao quartel da Covilhã após várias horas a combater o incêndio onde, na quinta-feira, um colega perdeu a vida.
O fogo não deu tréguas e continuou ontem a lavrar nas freguesias da Coutada, Peso e Vales do Rio. Vários reacendimentos travaram o rescaldo e reclamaram a atenção de mais de 200 bombeiros, que trabalharam sem descanso noite e dia.
Pedro Rodrigues, de 41 anos, bombeiro de 2ª, atacava uma frente quando uma mudança do vento o encurralou, morrendo nas chamas. O corpo está em câmara-ardente desde as 19h30 de ontem, no salão do quartel dos bombeiros, e à chegada foi homenageado pelos colegas, que em formação lhe prestaram continência. O funeral decorre hoje, às 16h00, para o cemitério da Covilhã, contando com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
Os Bombeiros da Covilhã recordam Pedro Rodrigues, que era solteiro e vivia com os pais, como “afável, sempre disponível e completamente imbuído do espírito do voluntariado”.
Habitualmente destacado para o transporte de doentes, era conhecido dos covilhanenses: “Era uma pessoa fantástica, que deixava toda a gente à vontade. Transportava muitos idosos para consultas”, recorda o amigo Rui Garcia. “É muito complicado lidar com esta perda. E não é fácil para os bombeiros regressarem ao quartel e saberem que o colega não estará entre eles”, diz Joaquim Matias, presidente da corporação, com a voz embargada e os olhos rasos de lágrimas.